sábado, 27 de outubro de 2012

Winston Churchill

Esta biografia de Winston Chuchill, da autoria de Sebastian Haffner, faz parte da colecção de livros de bolso "A minha vida deu um livro", lançada pelo Expresso.

O segredo não deve ser revelado no início, mas Winston Churchill teve uma vida alucinante. Entre o céu e o inferno, este político inglês de dimensão mundial viveu uma vida cheia de reviravoltas. 


Mudou duas vezes de partido, defendeu posições isoladamente contra as vozes maioritárias, teve derrotas e humilhações estrondosas, tinha um espírito militar mas é reconhecido como político, defendeu ideias próximas das de Hitler, demonizou Hitler e percebeu o perigo que representava antes de todos... Tinha a ideia de que o destino lhe reservava um desígnio maior, e encontrou-o quando ascende a Primeiro-ministro em 1940. 

Nascido em 1874 numa família de classe alta decadente, Winston Churchill foi um jovem medíocre, que falhou por completo na escola. Mudou esta percepção quando encontrou a sua principal vocação: a guerra. 

Participou em várias campanhas, em vários países, e irritou muitos políticos e militares com os seus escritos sobre as guerras de que fez parte. Ele tinha uma visão, ele sabia como fazer a guerra. Foram estas experiências na frente de batalha que lhe permitiram escrever e ter projecção no início do século XX. 

Partidariamente, começou no Partido Conservador, mas em 1904 “atravessou o corredor da Câmara” e tomou lugar na bancada dos Liberais. Passou a ser odiado e visto sempre com desconfiança. Mas é com os Liberais que chega ao governo, sendo ministro em várias pastas. Atinge o auge ao tornar-se Primeiro Lorde do Almirantado, ou seja, responsável pela Marinha Real Britânica, em 1911. “Com quase 37 anos de idade, Churchill estava, mais do que nunca, no seu elemento. Reinava agora sobre a maior armada do mundo e reinava de uma forma quase absoluta, sem a intervenção de qualquer outra pessoa. Reorganizou-a, constitui um Estado-Maior, virou todos os planos de guerra do avesso, ordenou que o aquecimento em toda a armada fosse convertido de carvão para óleo, mandou construir canhões maiores para os navios (na realidade, os maiores até à época), conseguindo tudo isto sem a oposição de almirantes ou capitães.” 

Mais tarde volta a ser ministro. E em 1924 volta a mudar de partido, juntando-se novamente aos Conservadores. Olhado sempre com desconfiança, vai escrevendo sobre as guerras e discursando sobre política. 

Entre 1929 e 1939, ou seja, entre os 55 e os 65 anos de idade, teve uma longa passagem pelo deserto. É neste período que escreve ainda mais, sobretudo sobre política internacional, mas nada do que escrevesse ou dissesse tinha o menor efeito. 

É sempre contrário às políticas de apaziguamento com a India, com Hitler, com os socialistas (o Partido Trabalhista surge na Inglaterra e irá acabar com a hegemonia entre conservadores e liberais). Este permanente espírito “do contra” será uma constante na sua convivência com os Primeiros-Ministros Asquith, Lloyd George e Chamberlain. 

Quando a Alemanha declara guerra à Inglaterra, em Setembro de 1939, Churchill é chamado novamente a assumir o Almirantado. Em Maio de 1940, torna-se Primeiro-ministro, sendo também Ministro da Defesa. 

Enquanto Primeiro-Ministro, terá uma acção incansável no sentido de derrotar Hitler. “Graças a Churchill, a Inglaterra atravessou-se no caminho da Alemanha em 1940, num momento em que esta quase parecia ter conseguido subjugar tudo à sua volta. Churchill obrigou a Inglaterra a agir contra os seus próprios interesses, mas de uma forma calculada ao milímetro. Esta guerra obrigou a Inglaterra a arriscar tanto a sua existência física como a sua existência económica. O país defendeu com êxito a sua integridade territorial, mas a economia ficou arruinada por muito tempo e o Império desintegrou-se. 

Graças a Churchill, não foi a Alemanha que passou a dominar a Europa, mas sim os Estados Unidos e a Rússia. Graças a Churchill, o fascismo deixou de desempenhar qualquer papel significativo no mundo, ficando o liberalismo e o socialismo a travar a luta pela primazia na política interna dos países.” 

Após a guerra, o governo cai e é derrotado nas eleições de 1945. Mantém-se como líder da oposição conservadora, voltando a ser Primeiro-Ministro entre 1951 e 1955, já fragilizado e com alguma política errática. 

Vive ainda até 1965.

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