domingo, 10 de março de 2013

Deixa-me entrar na tua vida


Alda e Luísa dividem um apartamento cujo único espaço comum é o hall de entrada. Alda é uma médica à primeira vista brilhante e querida de todos, Luísa é uma editora que vem partilhar a casa com a prima após esta ficar viúva. Duarte é um músico, amigo de Luísa.
Indo além neste retrato simplista, Alda, após a morte do marido, de quem não se consegue desligar, começa a beber. Embora diga que consegue controlar-se e que não é alcoólica, isso não corresponde à verdade. Luísa sabe da sua realidade, e tenta ajudá-la constantemente, mas em vão, abdicando da sua própria vida. Luísa vive em função de Alda. Não escolhe, não tem vida própria.
Luísa, entre os livros, as edições e os lançamentos, vai-se reaproximando de Duarte, um amigo de longa data, e que tinha estado ausente. Entre eles estabelece-se uma relação dúbia, de querer e não querer, de serem apenas amigos ou de serem mais qualquer coisa. Ele, sabendo do drama familiar de Luísa, tenta afastá-la desse mundo, tenta que ela tenha vida além da Alda.
Duarte vive entre os seus ensaios de jazz e a aproximação à Luísa. Com o desenrolar da história percebemos que Duarte tem uma experiência que pode ajudar Luísa a lidar melhor com a situação da Alda.
Neste livro, Margarida Fonseca Santos centra-se no tema do alcoolismo, e a história desenrola-se à volta destas três personagens. Luísa tenta ajudar Alda, que não quer ser ajudada e julga que está tudo bem. Duarte, o terceiro vértice deste triângulo, tenta ajudar Luísa a sair da sua dependência de Alda.
Com uma estrutura a três tempos, em que a cada momento uma das personagens principais vai assumindo o papel de narrador, Margarida Fonseca Santos transmite-nos as angústias e os sentimentos de cada uma de viva voz, e faz-nos entrar profundamente nessas vivências individuais. Ou seja, em “Deixa-me entra na tua vida” ganha vida a frase de Willian Styron: “nós vivemos várias vidas enquanto lemos”.

1 comentário:

Margarida Fonseca Santos disse...

Não tinha encontrado este post, desculpe... Muito obrigada - é um livro daqueles que mexeu comigo, vivendo mesmo 3 vidas para o escrever!
Um beijinho