terça-feira, 6 de outubro de 2015

Índice Médio de Felicidade

O romance de David Machado (vencedor do Prémio da União Europeia para a Literatura 2015) é um percurso pelo caminho da esperança. 

É o relato da vida de Daniel, pela voz do mesmo, quando a vida entra no plano inclinado: o desemprego, a mulher que vai para Viana do Castelo com os filhos, o amigo Xavier que vive fechado em casa, o amigo Almodôvar que está preso e a quem vai aparentemente contando os acontecimentos, o apoio que dá a Vasco (filho de Almodôvar), o trabalho/biscate que arranja numa farmácia, a perda da casa, o fogo no carro… 

Este homem de 37 anos, que tinha um Plano (assim, em maiúsculas) para a sua vida, é fustigado página após página por todo o tipo de episódios e azares. E vai resistindo, vai mantendo a esperança, vai acreditando que o mundo não é tão mau como parece, vai tendo fé num futuro melhor. 

O relato que Daniel faz da sua vida é envolto numa série de imprevistos que lhe vão condicionando a vida e afunilando as escolhas. Mas ele conserva a capacidade de acreditar que o futuro será melhor, “porque, sem futuro, o presente não faz sentido”.

Índice Médio de Felicidade é um dos romances mais interessantes que li nos últimos tempos, e que retrata os tempos de crise que vivemos. E embora a vida de Daniel seja uma sucessão de imprevistos, ele mantém uma notável resistência à frustração e não se deixa submergir pelas más notícias.

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